Cidade Amarela - Capítulo 15

 

    -Vai, desembucha. - Disse Ana.

    Maurício e Marie estavam no prédio da Kegareshi junto com Ana, Douglas, Lúcia, Alexandre e Marcos. Era hora de dar explicações.

    -Bom, tudo começou quando meus pais morreram. - Falou Maurício. Seu tom e expressão de tristeza e cansaço foram chocantes; um enorme contraste com a postura alegre e jovial que ele costumava assumir. A ausência do sorriso o fazia parecer outra pessoa. - Eu fiquei muito abalado com aquilo, principalmente porque eu ainda não estava pronto pra viver sem eles. - Os herois ouviam tudo com atenção.

    Maurício fez uma pausa para enxugar as lágrimas e então continuou: - Foi mais ou menos naquela época que Igor me procurou. Imagino que ele soube que minha família mexia com Hasturs por causa do meu pai, que era maçom.

    -Estou curiosa. - Disse Lúcia -, como seu pai obteve o conhecimento pra criar Hasturs?

    -Meu avô obteve na França quando ele serviu no exército.

    -Peraí… - Interveio Ana – Seu avô não era alemão? Você é descendente de…

    -Eu não me orgulho disso, tá bom? - Maurício estava sério. - E não sei se você já percebeu pelo meu cabelo, mas minha mãe era negra, e meu avô sempre gostou muito dela!

    -Estamos perdendo o foco. - Comentou Lúcia – Maurício, continue da parte em que começou a se envolver com Igor.

    -Sim, claro. Igor havia me mostrado os poderes dele sobre a luz e a vida, e me propôs a ideia de criar Hasturs mais parecidos com os Urgheol, pra conseguirmos o favor do Rei Amarelo. Até lá, precisaríamos entretê-lo de alguma maneira.

    -Foi aí que você deu nossos poderes pra mim e a Ana. - Deduziu Douglas.

    -Sim. - Maurício admitiu.

    -Então você só tava usando a gente aquele tempo todo? - Ana se esforçava pra não chorar – Tudo o que a gente viveu junto não passava de armação?

    -Não! Isso não é verdade! - Maurício protestou – A minha amizade com você e o Douglas sempre foi muito importante pra mim, e até hoje eu valorizo bastante vocês dois! É só que…

    -Que…? - Ana já estava ficando impaciente.

    -É só que, se eu ajudasse Igor a vencer o Jogo Sagrado, meus pais seriam trazidos de volta à vida. - Maurício segurou a mão de Marie – Por isso eu me empenhei tanto na criação de homúnculos, Hasturs e agora a Marie. Eu queria criar um novo tipo de ser que transcendesse a fragilidade humana, pra que meus pais pudessem voltar com um corpo que não morresse facilmente.

    -DESGRAÇADO!!! - Gritou Marcos, desferindo um cruzado contra o queixo de Maurício.

    Marie já ia contra-atacar, mas Maurício a segurou.

    -Você perde seus pais e por causa disso resolve ajudar em um genocídio?! - Marcos gritava a plenos pulmões. De seus olhos escorriam lágrimas comuns, mas não era pela dor de ter socado o queixo com ossos metálicos de Maurício – Eu também sou órfão, - Marcos continuou - mas não foi por isso que eu decidi me tornar um assassino! Eu vi crianças chorando por perderem seus pais, isso quando não eram elas próprias sendo devoradas e trucidadas pelos Hasturs, e agora tem a porra de um caranguejo gigante destruindo o Nordeste! Tudo isso porque VOCÊ não soube superar o passado, seu egoísta maldito!

    A sala aonde estavam foi esmagada por um silêncio terrível.

    -Não consigo pensar em nada que refute o que você disse, - Respondeu Maurício, com uma cara de quem admitia a derrota - e não espero perdão. Mas agora que não estou mais trabalhando com Igor, perdi minha chance de reencontrar meus pais; além disso, acredito que serei de bastante ajuda pra que vocês vençam o Jogo Sagrado.

    Silêncio mais uma vez. Todos queriam falar algo, mas estavam apreensivos com a opinião dos demais.

    -Proponho uma votação para decidirmos se Maurício se junta a nós ou não. - Lúcia disse.

    -Eu sou contra. - Marcos já falou de supetão.

    -Eu sou a favor. - Foi o voto de Douglas – Precisamos de toda ajuda possível pra vencer essa disputa.

    -Concordo com o Douglas. - Disse Alexandre – Podemos decidir o destino de Maurício depois que isso tudo acabar.

    Ana hesitou um pouco antes de falar.

    -Eu sou contra. - Ela então disse. - Me desculpa, cara; mas você cruzou uma linha que não tem mais volta.

    -Tudo bem. - Respondeu Maurício, conformado. Então, ele se virou para Lúcia: -E você? Qual o seu voto?

    Lúcia levou um susto. Após se recuperar, ela puxou uma moeda que carregava em sua carteira e então disse:

    -Se der cara, Maurício se junta a nós. Se der coroa, ele vai embora. Todos de acordo?

    Todos fizeram que sim com a cabeça, ainda que alguns a contragosto.

    A moeda foi lançada. Quando ela caiu de volta na mão de Lúcia, foi dado o veredito:

    -Cara. Maurício fica.

    Marcos resmungou.

    -Certo, o que fazemos agora? - Perguntou Alexandre.

    -Preciso organizar algumas coisas, logo entrarei em contato com vocês. Estão dispensados. - Respondeu Lúcia. - Ah sim: Douglas, por que você não apresenta os dormitórios pros nossos novos hóspedes?

    -Sem problemas. - Disse Douglas, conduzindo Maurício e Marie.s

    Assim que ficou sozinha na sala, Lúcia tirou um espelhinho de sua bolsa e começou a arrumar o cabelo. Enquanto admirava seu próprio sorriso, ela só conseguia pensar no quão bendito foi o dia em que comprou aquela moeda de duas caras.


*

    -Tá falando sério, Lúcia? - Indignou-se Marcos – Uma festa numa hora dessas?

    Lúcia havia preparado uma festa de boas vindas para Maurício: Haviam doces, salgados e refrigerante dispostos sobre várias mesas. Marie não perdeu tempo e já foi se servir.

    -Olha, aqui tá falando que o Urgheol tá dormindo, então acho que a gente pode descansar um pouco. - Disse Douglas com a boca cheia enquanto olhava as notícias pelo celular.

    -Eu também acho que é uma boa ideia. - Comentou Alexandre após tomar um gole de refri – É bom termos momentos assim pra despoluir a cabeça, vai inclusive nos ajudar quando formos enfrentar Igor na próxima vez.

    -Beleza, mas quem foi que preparou tudo isso? - Perguntou Ana.

    -Ué, a padaria. - Respondeu Lúcia – Eu simplesmente contratei o serviço e eles realizaram. As pessoas estão loucas pra ter o que fazer dentro desse domo roxo.

    Após comer mais um pouco, Alexandre retomou a palavra:

    -Acho que agora já podemos falar do elefante na sala, não é? Ou melhor, o grifo na sala.

    Todos se viraram para Maurício, que estava servindo um copo de refrigerante para Marie.

    -Pois não? - Perguntou Maurício, desconcertado.

    -Como foi que você, o Douglas e a Ana se tornaram o “trio dinâmico” na faculdade? - O soldado quis saber.

    -Douglas serviu de ponte entre Ana e eu. - Respondeu o outrora vilão – Eu e ele já nos conhecíamos por fazer o mesmo curso e Ana se interessou por Douglas em um show que a banda dela fez no campus.

    -Maurício me ajudava nas matérias. - Comentou Douglas, que logo em seguida abocanhou um quibe.

    -E você também era muito foda nos moshes.- Ana falou para Douglas e então mordeu o lábio inferior.

    Douglas desviou o rosto pra esconder que corou.

    -Mas e você, Alexandre? - Foi a vez de Maurício fazer perguntas – Como foi que você e o Douglas ficaram amigos? Se não me engano vocês foram colegas de escola, correto? - Maurício deu um gole de refrigerante enquanto Marie comia mais salgadinhos.

    -O Douglas me defendia do bullying na escola. - Respondeu Alexandre, dando um soquinho no ombro de Douglas.

    -E você precisava? - Lúcia ficou intrigada.

    -Minha puberdade não tinha chegado ainda, então eu era menor e mais fraco que os outros meninos. - Explicou Alex – Eu também era sensível e chorava muito. Eu era o alvo perfeito.

    -O jeito como tratavam ele me lembrava como meu pai me tratava. - Douglas entrou na conversa – As pessoas acham que têm o direito de infernizar quem não é do “jeito certo”, isso me deixa muito puto.

    O clima ficou tenso.

    -Vocês precisavam ver o Maurício nas festas da facul. - Ana tentou levantar o astral novamente – Vodka, tequila, cachaça… o cara bebia tudo igual um camelo!

    Maurício riu.

    -Perder meus pais fez com que eu me afundasse no alcolismo. - Disse ele girando o copo de refrigerante como se fosse uísque e tragando tudo de uma vez.

    -Pois é, bem que você podia ter parado na bebida. - Resmungou Marcos, enfiando três brigadeiros de uma vez na boca.

    Clima tenso de novo.

    -Então… - Foi a vez de Lúcia tentar tirar a situação daquela saia justa – Maurício, eu devo admitir que o trabalho feito na sua forma de grifo branco é impressionante. Marie foi criada com um procedimento similar, estou correta?

    -Sim, sim! Exatamente! - Maurício se alegrou muito em receber um elogio de Lúcia – Foi uma combinação de alquimia com engenharia genética! O seu trabalho também foi muito importante pra me inspirar na parte biomecatrônica!

    Marie se aproximou de Lúcia.

    -Então você é minha mamãe? - Perguntou a coelha.

    Todos ali engasgaram.

    Lúcia sentia seu rosto arder de vergonha.

    -B-bem, hã… - Aquilo pegou ela muito de surpresa – Eu acho que sim.

    -Eba! - Marie abraçou as pernas de Lúcia.

    A coelha ciborgue então correu pra abraçar Marcos.

    -E você é meu tio! - Ela disse.

    Marcos também ficou sem reação, mas após engolir seu pedaço de bolo ele se abaixou pra abraçar a criaturinha.

    -Ai gente, isso é tão fofo! - Comentou Ana.

    -Pois é, mas acho que já tá na hora da gente agir. - Falou Douglas, olhando o celular. - O Urgheol já acordou.


*


    Lúcia estava sentada diante do seu computador, monitorando Douglas, Alexandre, Ana, Marcos e os palaisants no Kimái Kierê.

    -Preparados? - Perguntou Lúcia, sem tirar os olhos da tela.

    -Sim! - Marie estava animada pra ser teletransportada.

    -Antes de irmos, eu queria te perguntar uma coisa. - Disse Maurício, na plataforma de teletransporte junto de Marie.

    -Diga. - Falou Lúcia.

    -Por que você fez aquilo tudo por mim? A festa, as pazes com meus amigos, acolher a Marie…

    -Você tem um sorriso bonito. - Lúcia virou o rosto para Maurício, com uma expressão amigável – Eu quero te ver sorrindo de novo.


*


    Maurício e Marie foram transportados pro parque.

    -Bom, agora já podemos começar. - Disse Alexandre.

    -Marie, você tá bem com isso? - Perguntou Marcos – Os Hasturs e homúnculos meio que não são seus irmão?

    Marie ficou pensativa.

    -Eu vou ficar do lado que o papai estiver. - Ela então falou.

    -Certo, tudo resolvido. - Douglas apontou a lanterna pro portal dourado no céu, conjurando a escadaria para o “paraíso”.

    Douglas, Ana e Alexandre subiram na escada em busca de sua revanche contra Igor.

    Marcos e Maurício se transformaram. Marie ativou sua couraça.

    -Hora de fazermos nossa parte. - Disse Akleos.

    -Assim na terra como no céu. - Concordou o grifo branco.


*


    -Os campeões da Terra retornam para sua revanche! - Anunciou o Rei Amarelo.

    A plateia ovacionou.

    -Essas criaturas só querem ver o circo pegar fogo… - Comentou Alexandre.

    -Muito bem, Sherlock Holmes. - Alfinetou Ana.

    -Gente, foco. - Falou Douglas.

    Diante do trio estava Igor, pronto para mais um round.

    Os quatro se transformaram.

    Mais uma vez, Yarus ficou apenas parado com a guarda erguida.

    -Não vão atacar? - Perguntou o vilão – Quanto mais vocês demorarem, mais o Urgheol causará destruição.

    A provocação teve o efeito desejado:

    Semreh avançou contra Yarus, desferindo socos e tegatanas. Yarus se esquivava com facilidade dos golpes, inclusive tomando o cuidado de ficar fora do alcance da área abastecida pela energia explosiva de Semreh Cocytus.

    Vendo aquilo, Chevielier Blanc conjurou sua uzi e disparou contra Yarus.

    Os tiros foram o bastante pra distrair Yarus, que acabou tendo seu braço agarrado e torcido por Semreh, que rendeu o vilão no chão e então energizou o braço de Yarus pra causar uma explosão.

    A plateia ficou impressionada com aquilo, principalmente porque o próprio Semreh também se machucou com o impacto daquele golpe.

    Madre-Ax não queria ver seu amigo fazendo aquilo com si mesmo, então avançou com seu machado e acertou Yarus enquanto ele ainda estava se levantando.

    Se estivesse destransformado, Yarus teria sem sombra de dúvidas sido partido ao meio. Como não era esse o caso, o impacto do machado apenas o jogou contra a parede lateral da arena.

    As criaturas da plateia vaiaram.

    -Muito bom. - Comentou Yarus – Prever os seus movimentos não vai adiantar se eu não tiver tempo de reagir a eles.

    Dito isso, Yarus foi capaz de se defender do próximo golpe: Com seu próprio braço, o vilão bloqueou o ataque de sabre desferido por Chevielier.

    Prevendo o próximo golpe de Chevielier, Yarus tomou ação e socou o cotovelo do heroi.

    Felizmente a armadura resistiu ao golpe, mas Chevielier viu em seu visor que a área do braço sofreu um forte dano.

    E pensar que eu mal senti dor”, pensou o soldado.

    Yarus mais uma vez tirou vantagem de sua capacidade de premonição, dando um chute pra trás que interceptou a machadada surpresa que Madre-Ax pretendia dar nele.

    -Isso está apenas começando. - Disse o vilão vermelho e branco.


*


    A primeira leva de inimigos chegou.

    Com a ajuda de Maurício e Marie foi muito mais fácil derrotar os homúnculos, ao ponto em que nem mesmo os palaisants tiveram dificuldades em lutar.

    -Agora é que a batalha começa de verdade. - Comentou Akleos, com seus olhos ferozes voltados para o bosque ao redor do grupo.

    Todas árvores ao redor começaram a balançar, como se o bosque estivesse animado.

    Então do meio do arvoredo saíram não um, mas quatro lobisomens.

    Dois deles atacaram o grupo de palaisants enquanto os outros dois se concentraram nos membros da Kegareshi.

    -Eu vou ajudar eles! - Disse Akleos para Maurício – Sozinhos eles não vão aguentar muito tempo!

    -Sem problemas. - Respondeu o grifo branco.

    Akleos avançou contra um dos lobisomens, dando um chute frontal em suas costas.

    Os palaisants progrediram bastante desde que ganharam suas armaduras, mas Akleos sabia que eles teriam dificuldades contra dois daqueles lobisomens usando as máscaras empoderadoras.

    Uma parcela dos palaisants enfrentou um dos lobisomens enquanto a outra parte ajudava Akleos a lutar contra a outras fera.

    Ao passo em que Akleos combatia o lobisomem no mano-a-mano, os palaisants se organizaram atrás da criatura inimiga, dando tiros em suas costas.

    O lobisomem tentava atacar os palaisants, mas Akleos sempre o agarrava pelo ombro pra mantê-lo virado para si.

    O Hastur então esticou suas nove línguas. Os palaisants porém já esperavam por aquilo e sacaram seus facões, se defendendo completamente dos ataques do inimigo.

    Akleos então aproveitou e socou um dos queixos do monstro inimigo, desestabilizando-o, e então deu uma joelhada no estômago da criatura.

    Os golpes foram fortes o bastante pra destruir o Hastur convertendo-o em fumaça roxa.

    Os palaisants que enfrentavam seu Hastur sozinhos também estavam se dando bem: Um grupo disparava contra o monstro, enquanto outro atacava de perto com seus facões. Também haviam aqueles encarregados de interceptar as línguas dos lobisomens, sem falar dos que estavam dedicados a arrancar a máscara do inimigo.

    O esforço combinado dos policiais gerou frutos, e eles foram capazes de derrotar o inimigo sem a ajuda de algum dos herois.

    Para Maurício e Marie as coisas também não foram muito difíceis: A coelha ativou sua couraça e passou a disparar vários mísseis contra a máscara do lobisomem até destruí-la. Maurício então estraçalhou o Hastur com suas garras, transformando cada pedaçõ de osso, vísceras e músculos putrefatos em fumaça roxa.

    Maurício e Akleos estavam prestes a se destransformar quando uma palaisant chamou a atenção de todos para algo no céu: Um Hastur ouriço-do-mar flutuava sobre o parque em direção à escada dourada. Sua máscara cobria a íris do olho, daonde brotavam as faixas metálicas que empoderavam seu corpo.

    O corpo de Maurício se moveu quase que automaticamente: O grifo se disparou como um míssil contra o Hastur e o chutou pra baixo o mais forte quue pôde, sem ligar para os espinhos do monstro.

    Akleos se preparou pra receber o ouriço na terra, mas o monstro se recuperou no meio da queda, e ficou parado em pleno ar.

    -Marie! Ataque-o! - Ordenou o grifo branco.

    Marie transformou seu braço em canhão disparou contra o inimigo.

    O ouriço-do-mar voador disparou um de seus espinhos contra o míssil.

    O impacto dos dois projéteis colidindo causou uma onda de choque que jogou todos no chão contra as árvores do parque.

    Maurício “mergulhou” pra atacar o monstro, mas o Hastur foi mais rápido: Não só ele rapidamente saiu da trajetória do grifo branco, como ele ainda disparou mais espinhos pelo território.

    Esses espinhos não tinham a intenção de causar dano; em vez disso, ao explodir eles criaram uma enorme cortina de fumaça, bloqueando a visão de todos ali.

    Maurício bateu suas asas pra dispersar a fumaça, o que apenas serviu para revelar o desespero aos presentes:

    O Hastur conseguiu chegar em Carcosa.


*


    A disputa estava equilibrada.

    Os herois estavam em vantagem numérica, possuíam habilidades variadas e ainda tinham a vantagem de que a forma Semreh Cocytus poluía a conexão de Yarus com o fluxo do universo.

    Yarus, por sua vez, era muito mais forte e mesmo com esses empecilhos ainda era capaz de antecipar os movimentos de seus adversários.

    Semreh avançou pra atacar seu pai mais uma vez, quando um raio laser foi disparado poucos centímetros à sua frente.

    -Ah, tá de palhaçada! - Esbravejou o heroi ao olhar pra cima.

    O ouriço-do-mar flutuava sobre a arena, empoderado pela máscara em sua íris.

    -As coisas vão ficar interessantes! - Anunciou o Rei Amarelo.

    Chevielier mirou sua uzi contra o Hastur e começou a disparar.

    O ouriço fazia movimentos em zigue-zague no ar, se esquivando dos tiros enquanto o Rei Amarelo conjurava escudos pra proteger os seres na plateia.

    Semreh energizou a lâmina do machado de Madre-Ax, que avançou contra Yarus.

    O vilão bloqueou o machado segurando o cabo com as duas mãos, tomando cuidado pra não encostar na lâmina.

    Semreh aproveitou pra dar um ataque traiçoeiro em Yarus, mas o Hastur viu aquilo e disparou um de seus espinhos contra o heroi.

    O impacto da explosão foi tamanho que destransformou Semreh de volta em Douglas.

    -Douglas! - Gritou Madre-Ax, preocupada.

    Aquele momento de hesitação era tudo que Yarus precisava. Rapidamente, ele pegou o machado das mãos de Madre-Ax e golpeou-a, a lâmina da arma ainda energizada.

    Ana caiu rolando no chão, destransformada.

    O ouriço-do-mar voador então mirou seu olho em direção a Douglas e disparou seu laser.

    Chevielier imediatamente conjurou seu próprio olho flutuante na frente de Douglas, que disparou seu laser contra o do Hastur.

    O feixe de Chevielier conseguiu bater de frente com o do inimigo no começo, mas foi gradualmente sendo subjugado pelo disparo do monstro.

    Em pouco tempo, Douglas seria pulverizado.

    -Nos rendemos! - Gritou Chevielier.

    O Hastur cancelou seu laser, fazendo-o ser atingido pelo do olho flutuante de Chevielier, ganhando uma rachadura em sua carapaça.

    -Creio que já esteja ciente do que isso significa. - Disse o Rei Amarelo se aproximando quando as vaias da plateia cessaram.

    -Sim. - Respondeu Chevielier, se destransformando de volta em Alexandre – Haverão mortes com o despertar do segundo Urgheol, mas sem o Douglas não teremos chance de vencer Igor, ou Yarus. Algumas pessoas em troca de salvar a humanidade inteira.

    Ana ficou chocada com a frieza de Alexandre. Até Douglas se espantou.

    -Pois muito bem. - Disse o Rei.

    O Rei Amarelo conjurou mais uma vez o documento que o autorizava a despertar o Urgheol e iniciou mais uma “transmissão”.

    Na “tela” conjurada pelo monarc cósmico, estava sendo mostrada uma paisagem que lembrava muito as serras mato-grossenses.

    O chão estremeceu e se abriu: De dentro dele, saiu uma gigantesca serpente com juba de leão, que começou a rastejar para longe, causando destruição por onde passava.

    O Rei Amarelo encarou Alexandre. O soldado podia sentir que havia um sorriso por trás daquela máscara.

    -A decisão foi sua. - Disse o Rei – Viva com isso.

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